Alessandra Girotto

23 de dez de 20202 min

Que, nesse natal, possamos dar espaço para nossa essência

Quem aqui já ficou perdido entre dois mundos tão diferentes? Tentando desesperadamente fazer aproximar, unir?

Apesar de sabermos a receita e termos os ingredientes básicos, nem sempre isso é possível. Isso porque às vezes um é terra e o outro é mar, tão distantes em temperamento quanto o sol e a lua - não sendo nem melhor e nem pior, apenas diferentes.

Diferentes num nível bem básico...

A primeira vez que me vi diante desse cenário foi durante a primeira vez que me separei do meu ex-marido. Na época veio como uma história do Rubem Alves chamada "A Selva e o Mar". Eu contava e recontava pra minha filhe numa tentativa de explicar o divórcio de uma maneira lúdica.

Nessa história a mãe era o mar e o pai era a selva. Eles tentaram e tentaram de todas as formas permanecerem juntos, mas a natureza dos dois era absurdamente diferente e, ficar, era igual a morrer.

A segunda vez foi na época do divórcio oficial, muitos anos depois. Dessa vez a cura veio vestida do conto "Pele de Foca, Pele de Alma" - trazido pela Clarissa P. Estes no livro Mulheres que Correm com os Lobos.

Tanto a Clarissa quanto o Rubem Alves tentaram mostrar uma coisa que é muito difícil de ser vista e aceita: só o amor não basta.

Quando duas pessoas tão distintas se unem e tentam ficar juntas o amor muitas vezes não é suficiente - e tudo bem não ser.

O problema vem se resolvemos nos rebelar contra nossa natureza ou a vida. Se negamos quem somos pra tentar se adaptar ao outro (seja quem for).

Quando negamos nossa natureza instintiva, selvagem. Quando negamos nossa essência - mesmo que "em nome do amor" - nós nos negamos e morremos ao poucos

Sem perceber vamos definhando... esquecendo quem somos e o que nos nutre.

Sem perceber o amor que unia pode virar ódio. É preciso tomar consciência do que estamos fazendo conosco e decidir parar com o ciclo. Decidir retomar nossa essência e a nós mesmos.


 
Esse dilema é algo que pode aparecer fora, como numa relação, ou dentro, com aspectos nossos que são contraditórios.
 

 

Não importa a fonte: é preciso dar a cada um o próprio lugar, a próprio nutrição.


 

Assim como o direito de existir.
 

 

Disso pode vir um filho bom, forte e amado. Que é fruto da união dessas duas partes, que caminha pelos dois mundos seguro, livre e divino.


 

 
Que possamos dar espaço para nossa essência e, assim, permitir que a criança dessa união possa ser livre e viver.
 

 
"Pensava que o corpo era feito de carne, de sangue e de ossos? Puro engano. Nosso corpo é feito daquilo que o amor pôs lá dentro" (Rubem Alves)


🦋 𝑨𝒍𝒆𝒔𝒔𝒂𝒏𝒅𝒓𝒂 𝑮𝒊𝒓𝒐𝒕𝒕𝒐 – Sou mãe, psicanalista e consteladora. Trabalho conjuntamente com várias terapias complementares e atualmente participo do Programa Pathwork® de Transformação Pessoal.

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