Durante nossa vida muitos de nós aprendemos que amar e/ou ser uma pessoa boa é praticamente sinônimo de "dar" - ou algo mais ou menos assim...
E aí uma das consequências possíveis é que passamos a "dar" desenfreadamente - mesmo sem o outro pedir, ou mesmo sem ele querer.
Nessa dinâmica toda o mais louco é que, no geral, fazemos esse movimento sem perceber que estamos invadindo o espaço do outro e nos impondo a ele - e percebemos muito menos se estamos gerando uma situação de abuso ou de agressão. Já parou para observar?
Já parou pra pensar que, inclusive, nessa dinâmica que descrevi a agressão e o abuso é com você mesmo??
Quando "damos" sem pausa, seja porque acredito que amar é sinônimo de dar e estar disponível para o outro. Ou mesmo porque quero que gostem de mim e me achem uma pessoa boa. Ou até porquê tenho medo de ficar sozinho e/ou perder meus amigos... Seja pelo motivo que for, nesse lugar muitas e muitas vezes abuso de mim. Dou o que não tenho, me transformo em "caco" - e muitas vezes ainda "celebro".
Aqui, eu escuto, vou e faço sem ter energia e disponibilidade pra isso. Me transformo em mil e abuso de mim pra garantir um pequeno grão de areia de atenção do outro.
Pra garantir que não terei que ver uma "cara feia" me observando de volta, ou mesmo um olhar de censura e frustração - afinal, não lido bem com a minha frustração, me cobro pra ser uma "pessoa boa" e me censuro quando não sou... Como vou lidar bem com o movimento que vem do outro? Como vou sustentar um "não" se muitas vezes não lido com a minha necessidade de escutar um "não" vindo de mim? Convido você a experimentar mais vezes esse lugar onde mora o "não":
"Não, não tenho para dar hoje - vou cuidar de mim".
"Não, não é errado me ouvir".
"Não, não sou má por expressar minha verdade e por não ser 100% boa o tempo todo - deixa eu te contar: isso é humano".
"Não, não quero carregar o mundo nas costas e isso não me torna preguiçosa"
"Não, não vou 'matar um leão por dia' pra poder ganhar o suficiente para ter uma vida minimamente confortável - vou criar alternativas".
"Não..." - seja o "não que for... experimente ver o que vem e expressar (começando pra você)
Alessandra Girotto – Sou Psicanalista, Coach, MoonMother, Ativadora de TendaVermelha e Terapeuta Holística. Focalizo Dança Circular e Círculo de Mulheres desde 2015. Atualmente participo do Programa “Pathwork® de Transformação Pessoal” e da formação nas “Novas Constelações Familiares”.
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