"O tempo de vida é o tempo que leva para a vida vir a ser".
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Li esse trecho esses dias atrás no livro "Viver o seu Morrer", do Stanley Keleman, e ele ficou ressoando por uns dias aqui dentro. Durante esse processo entrou em contato com outras partes, outras lembranças, e sem perceber brotou com uma expressão.
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D E V A G A R
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Nunca pensei que um dia me definiria como alguém "devagar".
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Sempre que me via lidando com as coisas no dia a dia era sempre tão rápido e objetivo. Muitas vezes com energia transbordando e sem saber como lidar com tudo que vinha, seja em forma de ideias, de pensamentos, seja em forma de atividade mesmo.
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Aos poucos fui me pegando buscando por leveza e por ritmo, por pausas. Mas mesmo sentindo e buscando acreditava que era por necessidade, não por ser essência.
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Acho que a negava tanto, que eu fugia tanto, que não via quanto ela fazia parte de mim.
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E apesar de já saber de sua importância, de já incluir como proposta aqui e na vida, eu percebi que nunca a honrei de fato.
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Nunca permiti existir, como qualidade.
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E talvez ainda não esteja pronta totalmente pra isso, afinal a cobrança por alto desempenho sendo acompanhado por rapidez ainda persiste aqui - mas sinto que dei um bom passo nessa direção.
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Sim: devagar é uma palavra que me define. E hoje assumo ela com honra e gratidão aos processos que me trouxe.
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Devagar traz consigo profundidade e carinho, traz detalhe e cuidado, amor e devoção.
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Devagar me remete à arqueologia e escavação, ao pegar cuidadoso peça a peça. À observação do padrão que aos poucos vai se formando.
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É, quando criança sonhei em ser arqueóloga - e hoje acho que me tornei uma.
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Sim, devagar me define. E é bom.
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Todos nós temos dentro de nós qualidades que não enxergamos, que não nos permitimos ver. Qual será a sua?
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Já pensou sobre isso?
🦋 𝑨𝒍𝒆𝒔𝒔𝒂𝒏𝒅𝒓𝒂 𝑮𝒊𝒓𝒐𝒕𝒕𝒐 – Sou mãe, psicanalista e consteladora. Trabalho conjuntamente com várias terapias complementares e atualmente participo do Programa Pathwork® de Transformação Pessoal.