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Quem é você de verdade?

Atualizado: 19 de dez. de 2020

Bom, o assunto de hoje é meio polêmico.


Quem eu acho que sou não é quem eu sou de verdade. O que eu mostro pro mundo, pros outros e pras minhas relações normalmente não é minha face real.


Quando crianças aprendemos a nos adaptar ao meio e às situações. Aprendemos como reagir para garantir nossa sobrevivência ou uma boa convivência. Aprendemos a como construir um local naquela família – nós escolhemos a forma que melhor nos pareceu pra poder pertencer e receber (muitas vezes apenas um mínimo de) amor dos nossos pais.


Por incrível que pareça, muitas vezes essa tática de sobrevivência inclui uma carapuça de “má”, de independente e de forte.


Outras vezes a adaptação que escolhemos foi a de boazinha, amorosa, submissa.


Em outras, nossa escolha nos levou a querer ficar “invisíveis”, não sermos vistos ou notados. Não dar trabalho, não aparecer.


Dentro do pacote dessas escolhas também está um “não ligo”, “não me importo” e um muito frequente “está tudo bem” (quando na realidade não está).


Já parou pra pensar sobre isso? Quem é você de verdade? Tem consciência de quanto isso te custa? É muito…


Muita energia vital, criativa e de prazer é usada pra mantermos essas máscaras, essas defesas que erguemos enquanto crianças.


Enquanto adulto já posso abrir mão delas, pois não dependo mais dos pais ou cuidadores para sobreviver… Mas abrir mão delas dá medo, dá ansiedade – e inclusive reforçamos a certeza de que somos aquilo mesmo. Que a vida está um caos, confusa e triste por outro motivo, qualquer coisa menos esse aí…

Tá, mas o que isso tem a ver com tudo?

Se quero um relacionamento saudável, gostoso; se quero me abrir para a vida preciso querer estar presente e, obviamente, viver ela. Preciso querer DAR de mim.

Mas como fazer isso se não sei quem eu sou e o que quero? Se dou para o outro uma versão “maquiada” de mim mesmo? Se estou numa relação a partir desse lugar, o que recebo do outro é o mesmo. Se não me permito ser eu mesma, com minhas dores e defeitos, não receberei do outro nem a verdade e nem o melhor dele.


Assim criamos um ciclo onde nos relacionamos a partir das nossas máscaras – e o abuso já se instala ali por si só.


Isso porque o meu relacionamento comigo mesma já está baseado num abuso, pois nele meu “eu” real não pode existir, não é bem-vindo, não quero ver ou conhecer – é inadequado e “não cabe”. Se eu não me aceito, como o outro pode me aceitar? E consequentemente como posso aceitar o outro com TUDO o que ele (também) é?


A dica pra hoje é buscar reconhecer os momentos em que empurro minha espontaneidade pra “baixo do tapete”. É buscar (querer) ver. Se perguntar: estou reprimindo meu lado espontâneo aqui? Isso é o que realmente gostaria de estar fazendo ou respondendo agora?


Outra forma de descobrirmos essa nossa parte atuando é o cansaço. Seu dia está bom e, de repente, algo aconteceu (você fez um comentário, disse um “sim” ou um “não” que parecia a melhor decisão – ou qualquer outra coisa) e sua energia foi pro espaço… Quando nossa energia se esgota muito e sem motivo aparente é porque estamos usando ela para nos esconder de nós mesmas. Estamos usando nossa força para não ver nossas questões (e, vai por mim, é MUITO melhor quando conseguimos dar um uso melhor pra ela).


DICA: aqui fica em paralelo a leitura do conto “O Patinho Feio”. Acho ele essencial pra nos mostrar nossa ânsia por ser aceita e como deixamos de ver quem realmente somos no processo. Falaremos dele nos próximos dias.

 

🦋 𝑨𝒍𝒆𝒔𝒔𝒂𝒏𝒅𝒓𝒂 𝑮𝒊𝒓𝒐𝒕𝒕𝒐 – Sou mãe, psicanalista e consteladora. Trabalho conjuntamente com várias terapias complementares e atualmente participo do Programa Pathwork® de Transformação Pessoal.

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